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Capítulo Seis

Lugar de fala no mundo de exclusão

    “O lugar social não determina uma consciência discursiva sobre esse lugar. Porém, o lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e outras perspectivas.”
 

A frase de Djamila Ribeiro, filósofa, feminista negra e escritora, faz parte do seu livro "O que é lugar de fala?" lançado em 2017.
Podemos questionar: quem tem mais chances de falar (e ser ouvido) na sociedade?
Ao analisar a população brasileira, vemos que grupos marginalizados ainda ocupam espaços políticos limitados na sociedade. Por consequência, são menos ouvidos...
Por isso, precisamos abrir o lugar de fala.
Essa hierarquia estruturada na sociedade faz com que as produções intelectuais, saberes e vozes se percam. As condições estruturais as mantenham em um lugar silenciado.
A ideia do lugar de fala tem como objetivo oferecer visibilidade a sujeitos e pensamentos eventual ou permanentemente desconsiderados.
A voz e a palavra concedidas a pessoas que realmente vivenciam a realidade de exclusão.
Através das intervenções das professoras Nadja Costa, Rejane Souza e Tereza Custódio, O FLIVIVO abre espaço, em seu capítulo conclusivo, para a fala da mulher, de afirmação na sociedade.

Intervenções poéticas da artista seridoense Sol Saldanha.

Vale a pena conferir.

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Pedras de Amarração, em leitura dramática, por Rosinaldo Luna

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Em momento de encerramento do Capítulo Seis e do FLIVIVO, um grito de excluídos do mundo, no texto poético de Aluísio Azevedo Júnior, interpretação do ator e produtor Rosinaldo Luna.

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PONTO DE FUGA OU APENAS FUGA: SOBRE OS CORPOS E AS PEDRAS, EM ATRACAÇÃO...

(Apresentação do livro inédito Pedras de Amarração)

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Sou africano aprisionado nos eternos porões dos navios negreiros, mercadoria oferecida em comércio de livre concorrência.
Sou fugido de Mocimboa Praia, saído de Tigray na Etiópia, escapado de minha travessia pelo Mediterrâneo. Quero chegar à ilha de Lampedusa. Quero chegar em qualquer lugar. Eu quero sobreviver aos muros, às cercas eletrificadas, aos campos de concentração australianos, espanhóis, estadunidenses.
Sou sub-cidadão, vivente de algum campo de miséria, andante fétido a pelejar para a morte na fronteira das nações cheirosas.
Sou vítima do império econômico, da máquina mercenária de fazer guerra, dos genocidas e neofascistas contemporâneos.
Sou haitiano esquecido na estação paulista de Utinga; sou cubano bloqueado e massacrado pelos Obamas, Trumps e Bidens; sou refugiado de Shagarab no Sudão, de Kutupalong em Bangladesh; sou mais um encarcerado nas masmorras de Curitiba; sou latino-americano e a fome me corre como um frio na minha espinha-cordilheira.
Meu texto me vai atracando a corredores de gente que desaguam pelo mundo, como se houvesse neles um cais, e pedras de amarração.
Engajada e panfletária, sem freios, sem circunscrições de ortografia e pontuação, esta narrativa é novela que quer ser poema, e se conta em sete capítulos, e conta das lutas de um ser político, no ventre (Tatahari) do mundo, pronto para nascer.

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Aluísio Azevedo Júnior.

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